Mãe social ganha R$ 2 mil para cuidar de 9 crianças

16/05/2017 19h16 - Atualizado em 22/05/2017 09h23

Praticar o amor e doar ao próximo foi algo que teve início oito anos atrás em Manaus. Francinete Dias Coimbra tem como profissão ser mãe, inclusive com carteira assinada. É isso mesmo, aos 33 anos, ela cuida de nove crianças e adolescentes por tempo integral, sozinha, em uma casa de acolhimento do programa Aldeias Infantis SOS em Rio Claro (SP).

O programa do qual ela participe, tem seis casas-lares na cidade e atende 54 crianças e adolescentes. Para ser mãe social, é preciso ter mais de 25 anos e passar por um processo de capacitação dividido em três fases de 24 meses.. O vencimento oferecido é de R$ 2 mil mais alguns benefícios. Elas também tem uma folga semanal e direito a um quarto privado.

As crianças que as aldeias infantis recebem, são crianças em estados frágeis e que precisam de atenção. É tarefa de Francinete proporcionar aos nove "filhos" uma vida confortável e saudável. Ela leva as crianças para escola, médico e dentista e tem a responsabilidade de ensinar e dar carinho a elas.

"Não me chamam de mãe. Os menores querem, mas a gente conversa, 'eu sou sua tia', e explica que eles têm mães biológicas ou podem ser adotados", contou Francinete. "É difícil não se apegar, mas como profissional sabemos que estão só de passagem", completou.

A profissão teve início em Manaus (AM), quando Francinete conheceu o trabalho do -Aldeias Infantis SOS- aos 25 anos por meio de uma amiga que também era mãe social e se interessou. Após ser aprovada no curso de capacitação, ela passou a atuar. Em Rio Claro, já trabalhou com um número de 25 a 30 crianças e adolescentes de 0 a 18 anos.

"Respiro por essas crianças",emociona-se. -Você deixa de viver uma vida lá fora para cuidar da Aldeia-, afirmou Francinete, que tem uma filha que vive com o pai. -Ela admira a minha profissão, acha bonito o que eu faço e sempre vem visitar as crianças. Ela me apoia-, contou.

Adaptação

A secretária administrativa Cristina Fauvel, de 51 anos, e o marido, que é advogado, Luiz Fernando Fauvel, de 49, sempre quiseram adotar, mas o processo é burocrático e leva tempo. Através de um promotor da Vara da Infância e Juventude de São Carlos, o casal conheceu o programa -Família Acolhedora-, em que voluntários abrigam crianças em seus lares temporariamente.

-Queríamos tirar algumas crianças dali. As três que estão conosco precisavam muito sair da casa de acolhimento-, contou Cristina. Ela recebeu três irmãos de 11, 13 e 15 anos do abrigo no mês de abril e a adaptação tem sido positiva. Os adolescentes podem ficar até dois anos com a família. -O objetivo do acolhimento é que a criança tenha uma qualidade de vida melhor do que no abrigo-, disse o marido.

Cristina informa que no dia em que ela e o marido conheceram as crianças, o mais novo disse à psicóloga do abrigo que não voltaria mais, pois ficaria com a nova família. Os irmãos concordaram. -Foram para minha casa, não tínhamos nos preparado, arrumamos um armário rapidinho e mais camas, dormiram em casa e no dia seguinte já foram à escola. Se adaptaram muito rápido-, contou a secretária administrativa.

Sobre o relacionamento com os novos integrantes, Cristina disse que todos ficam à vontade para chamá-la como preferirem, -Geralmente é tio e tia, isso não importa, mas sim a felicidade deles-. O casal pretende manter contato com os três irmãos caso sejam adotados ou voltem ao abrigo. -Independentemente do que aconteça, eles já são nossa família-, disse Fauvel.

Família Acolhedora

Quem se interessar em ajudar o programa -Família Acolhedora- deve morar em São Carlos há três anos e ter entre 21 a 65 anos. Não há restrição de gênero ou estado civil.

As famílias que se interessarem interessadas podem se cadastrar na sede do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), na Rua Treze de Maio, 1.732, no centro. Mais informações: (16) 3307-7799.

É importante destacar que, diferente da mãe social, a Família Acolhedora é uma prestadora de serviço voluntário, não havendo vínculo empregatício ou profissional com o órgão do programa. Os telefones para contato com a Aldeias Infantis SOS de Rio Claro são (19) 3523-3978 ou (19) 3524-8168.
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