Concurso público já foi cancelado duas vezes em Bom Despacho

27/12/2016 19h20 - Atualizado em 28/12/2016 17h38

A Prefeitura de Bom Despacho anunciou uma nova data para a realização do concurso público que já foi cancelado duas vezes. A razão do cancelamento foi que a empresa responsável por formular as questões plagiou as provas nas duas ocasiões, de acordo com o setor responsável da Prefeitura.

As provas devem acontecer em 22 de janeiro pela empresa Reis e Reis Auditores, de Belo Horizonte. A relação dos locais de provas será divulgada no dia 9 de janeiro. O edital está disponível na página da organizadora do concurso.

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Em maio e agosto, as provas aconteceram, organizadas pela empresa ABS Concursos, e as questões foram facilmente encontradas na internet nas duas vezes, de acordo com o Executivo.

A empresa se posicionou em maio, dizendo que a realização das provas a professores renomados foi terceirizada.

Conforme dito pelo presidente da Comissão do Concurso, Leila Gonçalves, poderão fazer as provas todos os candidatos cujas inscrições foram homologadas. Não foram abertas novas inscrições. Poderão comparecer também os inscritos que não fizeram a prova em maio ou em agosto.

O Executivo destacou que a empresa se defendeu pela primeira vez dizendo que "terceirizou a elaboração das questões a professores renomados" e que não tiveram acesso às provas por questões éticas.

"Pela segunda vez eles negaram o plágio e insistiram que as questões eram inéditas. Contudo, a própria sindicância que apurou o fato comprovou que as questões eram encontradas na internet. Inclusive, provas inteiras foram retiradas de concursos de outras prefeituras. Além das provas copiadas, havia questões que fugiam do conteúdo programático, tanto para provas de nível médio e superior", ressalta Leila.

A Prefeitura recebeu mais de dez denúncias através da Ouvidoria do Município, comunicando os possíveis plágios em maio e agosto. Por e-mail, os denunciantes  comunicaram que várias questões estavam na internet. Diante das denúncias, responsáveis pelo concurso iniciaram as apurações e concluíram que perguntas e respostas estavam em sites.

"Aguardamos os prazos recursais e, posteriormente, não tendo sido nenhuma dessas questões anuladas, resolvemos encaminhar os autos para a administração e sugerimos a abertura de sindicância para apurar as denúncias. Por fim, todas se concretizaram", disse a presidente da comissão do concurso.

A Comissão do Concurso da Prefeitura anunciou que ABS Concursos só foi escolhida porque na licitação ela ficou em segundo lugar. A empresa escolhida em 1º lugar recusou o serviço alegando que não conseguira cumprir o cronograma.

"No primeiro contrato dizia que a empresa teria 180 dias para realizar o certame. Diante da recusa passamos o serviço para ABS Concursos que, mesmo com o curto prazo, aceitou dar seguimento", explicou Leila.

A empresa Reis e Reis Auditores foi a terceira colocada no processo licitatório e, por isso, foi acionada em caso.

As provas que foram anuladas tinham 100 questões, sendo que 60 foram encontradas em sites, blogs e apostilas online, inclusive com respostas.

A assessoria do Executivo enfatizou que o cancelamento do concurso causará prejuízos porque a Prefeitura tinha intenção de fazer contratações imediatas. Entretanto, avalia que o prejuízo maior é para os mais de 600 profissionais que contaram com as datas marcadas e se prepararam por duas vezes.

A ABS Concursos é uma empresa prestadora de serviços no ramo de concursos públicos que está há um ano no mercado. O sócio proprietário Rogério Borges informou, em maio deste ano, que já realizou provas de concursos para mais de dez municípios, incluindo Bom Despacho.

Também anunciou que 20 profissionais fazem parte da comissão que elabora as questões, sendo oito mestres nas áreas de administração, direito e contabilidade. Parte deles leciona em importantes universidades.

Rogério ainda ressalta que a cidade propôs a realização do concurso em curto prazo. "Deram uma semana para que elaborássemos as provas. Tínhamos pleno conhecimento de que as questões deveriam ser inéditas e isso foi repassado para a comissão", disse.

Quando comunicou o que deveria ser feito e o prazo que a comissão deveria cumprir para entregar as questões, os integrantes questionaram e disseram que seria impossível finalizar dentro do prazo. "Eles mesmos disseram que seria impossível, mas afirmaram que deveríamos entregar o serviço", completa.

Ainda nesta posição dos integrantes da comissão, a empresa prosseguiu com o protocolo, realizou as provas e finalizou o trabalho com a aplicação. A ABS Concursos receberia R$ 11 mil pelo serviço e a metade desse valor seria pago após a aplicação. A Prefeitura só não efetuou o pagamento porque iniciou o processo de investigação na mesma ocasião em que recebeu a nota fiscal para pagamento. O novo pagamento também não foi realizado, como ressaltou a assessoria do Executivo.

Após o ocorrido pela segunda vez, o contrato foi finalizado unilateralmente. A empresa não recebeu pelos serviços prestados.
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